15 dezembro 2006

Para... normal!


Noite fria… Inverno…
O sino na torre da capela dá 3 badaladas…
Acabo de sacudir o genital e preparo-me para voltar para a cama quando me apercebo de uma janela aberta no andar de cima. O vento sente-se no interior da casa… as árvores, lá fora, sacodem agora as últimas folhas que tentam resistir…
A luz do corredor, talvez motivada pela queda de algum poste, falha. Calço melhor os chinelos e dirijo-me à cozinha para acender uma vela… nessa altura um arrepio gelado atravessa-me a espinha com a rapidez daquele relâmpago que acabara de cair, não muito longe dali.
Lembro-me de ter ouvido, à noite no telejornal, o testemunho de um casal que afirmara ter visto “alguma coisa”, talvez um lobisomem, a rondar a zona nessa semana.
Olho para o fundo do corredor e paraliso…, um vulto permanece parado à entrada da cozinha…
Tento apoiar a mão trémula na mesa do telefone no corredor e encontro um isqueiro que tinha usado para acender as velas na noite passada. A janela aberta no 2º piso insistia em não deixar a chama do isqueiro quieta… o vulto agitava-se…
Cerro os dentes, tento proteger a chama com a outra mão e aproximo-me… devagar, mais um bocadinho… O vulto era agora mais definido, semicerro os olhos, o frenesim que se fazia sentir no andar de cima era agora mais intenso, as pernas tremiam…
Os segundos pareciam horas… nesse instante uma rajada de vento atravessa a sala e ouço uma voz:
“Tójó, ‘tás podre ou quê? Anda pá cama e deixa-te de merdas!” – era a Lúcia. Tinha ido à cozinha beber água…

Meu amigos… a única coisa que eu acredito, ainda, é no Pai Natal!
Não acredito em bruxas, mas que as há, há…



a besta

06 dezembro 2006

Kitsch?





Depois de uma discussão ao almoço sobre o efeito de uma meia branca, grossa, com duas raquetes de ténis cruzadas dentro de um sapato preto de verniz, apeteceu-me fazer este post…

Vamos lá a ver…
Se me apetecer sair para tomar um café vestido com umas calças de “fazenda” castanhas, sapatilhas brancas “sanjo” e uma camisa com um padrão de riscas grossas (6 cm) azuis e vermelhas, vão-me chamar de “parolo”?
E se for o Bradd Pitt ou o Marcantonio Del Carlo? Já é fashion?

No meu tempo de rocker eu recusava-me a vestir fato ou sapatinho de verniz, no entanto hoje em dia aceito que um tipo fica mais elegante, em certas ocasiões, claro!
Isto foi uma evolução ou uma regressão? Foi o acompanhar dos tempos ou um simples adaptar ao estilo de vida? Existe roupa apropriada para cada estilo de vida?

Já pensaram que pode haver pessoas que consideramos kitsch na maneira de vestir e são muito cool na maneira de pensar e só por isso passam para o lado das pessoas fashion?
O caso das tribos hippie que nós achamos muito cool e nem sequer temos coragem de nos vestir assim ou andar com umas rastas. Porquê?

Nós humanos somos muito preconceituosos e pouco humildes, onde me incluo, (sim, também sou humano…bem…acho eu…), deparamos com uma pessoa que por ser “da aldeia” e/ou filho de pais pobres, trabalhador do campo e por isso não aprende a vestir-se com o “fardamento estereotipado” nem tem o grau de exposição à “magnifica massa humana” que parecem ter saído duma linha de montagem de têxteis que lhe permita mudar de guarda-roupa com tanta frequência, e a malta fashion fica a olhar de lado.
Agora o mesmo caso mas se é o cagalhão da esquina, filho de pais ricos e/ou fuma charros, é cool porque tem uma personalidade forte e própria e só anda assim porque quer…

Por isto tudo cada vez mais dou valor aos artistas que frequentemente são apelidados de egocêntricos mas que também conseguem ter uma visão avant garde das coisas e não tratam mal ninguém que tenha a ousadia de ser autêntico.

Defendo que cada um deve andar como gosta independentemente do seu estilo!!

Claro que isto tudo é muito relativo/subjectivo…



a besta…